The Booksellers: o documentário para os amantes de livros

The Booksellers capa documentario

Pensar as livrarias como parte da cadeia do mercado editorial, ao invés de apenas o destino final dos milhares de livros publicados todos os anos, é essencial não só para tentar manter o mercado vivo, como também para apreciar o documentário “The Booksellers” (“Os Livreiros” na tradução para o português).

A paixão dos mercadores, ou compradores, de livros raros é explorada de maneira simpática nas quase 2 horas de documentário. Dirigido por D.W.Young e selecionado para o 57º Festival de Cinema de Nova York, “The Booksellers” apresenta um pouco do perfil necessário para comprar, vender e colecionar livros raros e muito da história dessas livrarias que ainda sobrevivem, apesar dos pesares. O que acaba por confirmar o texto logo do início do filme que diz que os livros não são somente histórias e sonhos, mas também modelos para a transcendência e que se um dia eles desaparecessem, a humanidade também desapareceria. Enfim, um documentário para apaixonados.

“The Booksellers”: uma viagem ao passado cheia de esperança

Desde compradores apaixonados até mercadores com estoques gigantes, a nostalgia sem dúvida faz parte do roteiro. Tanto que fica a dúvida: esses profissionais são guardiões de um tesouro ou difusores da literatura em si?

Em uma de suas falas em “The Booksellers”, a escritora Fran Lebowitz relembra a experiência de entrar numa das mais de 300 livrarias espalhadas por Nova York e o vendedor ser um senhor judeu, rabugento, que não queria vender nada, apenas passar o dia lendo a sua vasta biblioteca “particular”. E quando decidia vender, os preços eram até modestos, contando que o cliente saísse logo da loja e o deixasse em paz.

Essa figura do negociante de livros raros que sente a emoção da caçada, a busca, a compra e a felicidade de ter o objeto de desejo em mãos fica bem claro no documentário, tanto que é muito comum que esses profissionais colecionem e vendam também outros artigos como postais, gravuras e bibelôs variados. Ou seja, não é necessariamente sobre livros e literatura, mas sobre o comércio de livros raros.

No entanto, nada disso faz “The Booksellers” valer menos a pena. As curiosidades acerca da era de ouro das livrarias em Nova York deleitam qualquer apaixonado. É incrível saber que em dado momento do século XX havia um distrito conhecido como “Book Row”, ou “Fila de livros” numa tradução mais do que livre, que compreendia aproximadamente seis quadras e continha mais ou menos três dúzias de livrarias, sendo a sua grande maioria livrarias de títulos de segunda mão, os sebos (ou alfarrabistas).

Outra abordagem importante em “The Booksellers” é a preocupação dos livreiros com declínio do negócio. E a preocupação não é de todo infundada: se nos anos 50 a cidade contava com 368 livrarias, hoje existem apenas 79. Claro que comparada com outras realidades essa talvez seja mais do que privilegiada, ainda assim, é triste ver como as grandes franquias e o online acabaram por comer um pedaço desse estilo de vida – e profissão – tão bonitos.

A nostalgia que permeia o documentário chega a ser bonita, uma vez que faz parte não só do mercado, mas das histórias das famílias. As modificações necessárias ao longo dos anos estão lá, assim como uma nova imagem renovada dos agentes principais desse meio, que deixam de ser senhores em casacos de tweed e cachimbos, para jovens com ideias inovadoras e outras visões de mundo.

No fundo, parece mesmo que o livro encontra por onde se reinventar sem se deixar perder nos meandros da história.

Vale a pena?

Vale se você for um amante de livros e literatura, ou um grande curioso. Nem todos terão paciência para o romantismo.
Infelizmente “The Booksellers” ainda não está disponível em muitos locais ou com legendas em português, mas no site oficial, aqui, é possível ver as plataformas onde está disponível.

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