The Paris Review: o clássico que não sai de moda

capas the paris review

Fundada em Paris, em 1953, por Harold L. Humes, Peter Matthiessen e George Plimpton, todos expatriados americanos, a The Paris Review começou com uma missão editorial simples: dar ênfase ao trabalho criativo – ficção ou poesia – não de maneira a excluir a crítica, mas no sentido de não a tornar a parte mais importante de uma obra, ou o aspecto dominante do livro, como era o comum nas revistas literárias. A ideia era deixar a crítica para depois, para o final dos livros.

O conteúdo da revista era composto por ensaios, poemas, textos curtos e as tão famosas entrevistas.
Uma ideia de vanguarda que acabou por subverter para muitos autores a maneira de pensar a crítica. Além disso, a proposta abre espaço para o novo, publicando inéditos e até rascunhos. Nomes consagrados como Adrienne Rich tiveram suas primeiras oportunidades nas páginas da The Paris Review.

The Paris Review: quando a crítica encontra a vanguarda

As entrevistas ficaram tão famosas e importantes que o livro com o compilado delas costuma ser recomendado para os aspirantes a escritor. O processo criativo, a organização do trabalho, a busca pela inspiração, tudo isso faz parte das entrevistas na The Paris Review.

E boa parte do sucesso é devido especialmente a abertura que os artistas tinham para falarem sobre os mais variados temas: sexismo, racismo e política, por exemplo, eram assuntos presentes nas entrevistas e que dificilmente seriam comentados pelos veículos de comunicação mais formais e/ou conservadores. James Baldwin, na sua entrevista em 1984, teceu comentários como: “Dadas as condições nesse país, ser um escritor negro era impossível”. Truman Capote, quando perguntado sobre as críticas ajudarem a formatar o trabalho, foi honesto: “Antes da publicação, quando oferecida por pessoas em cujo juízo você confia, sim, é claro que a crítica ajuda. Mas, depois que algo é publicado, tudo o que quero ler ou ouvir é elogio. (…) Nunca se rebaixe respondendo a um crítico, nunca”.

Se nos anos 50 a revista ainda é considerada um produto de nicho, muito voltada para um público intelectual, são os anos 60 e 70 que vão acender todo o hype da publicação. O valor de ser publicado em uma das edições era imensurável. Isso significava que o artista poderia ser alguém, ainda que fosse para ser criticado. Já ser entrevistado era apenas mais uma comprovação do sucesso.

Os produtos de merchandising da The Paris Review começaram a ser produzidos ainda no início dos anos 70 e ainda hoje são vendidos com poucas alterações ao design e tipo de produto: t-shirts e casacos com o nome e emblema da revista. Os cinquenta anos de história da revista (completados em 2010) estão disponíveis no site da mesma, no formato de um mosaico de fotografias e imagens divididas por década. Engana-se quem pensa que a seleção fica só por contar os sucessos da The Paris Review: no acervo dedicado aos anos 60, é possível ver a fotografia de um jantar de arrecadação de fundos para a publicação que sabidamente só deu prejuízo e nenhum lucro, por exemplo.

Atualmente as edições estão disponíveis quatro vezes ao ano, pontuadas pela mudança das estações. Isso sem falar nos livros com coletâneas de todas as entrevistas já publicadas. Algumas destas edições ainda não estão disponíveis nem no Brasil, nem em Portugal, mas os mais interessados podem comprar pelo site da própria revista.

Os dois volumes das coletâneas de entrevistas traduzidos para o português foram editados em Portugal pela Editora Tinta da China e no Brasil pela Editora Companhia das Letras

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